...Sempre sonhamos e construímos a esperança de que os trabalhadores e trabalhadoras rurais tivessem oportunidade de dias melhores, de ter reconhecida sua cultura; de igual modo, que fossem sujeitos de sua história, pudessem ter direito à terra, a crédito, a assistência técnica e sistemática, capacitação. E que eles e elas pudessem construir essa caminhada. (p. 7).
É nesse contexto que, em 1993, nesce esta tentativa de interferência na escola pública rural, inicialmente a partir do SERTA (Serviço de Tecnologia Alternativa), com os municípios de Bom Jardim, Chã Grande, Orobó e Surubim, Pernambuco. E posteriormente, em 1994, também com o MOC - Movimento de Organização Comunitária – Unindo as forças dele próprio, as da Universidade Estadual de Feira de Santana e dos Municípios de Valente, Santo Estevão e Santa Luz, Bahia.
Chamada, inicialmente, de PER (Proposta de Educação Rural) e hoje de PEADS (Proposta Educacional de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável) em Pernambuco e de CAT (Conhecer, Analisar e Transformar a Realidade Rural) na Bahia, ela hoje atinge em Pernambuco os municípios de : Glória do Goitá, Lagoa de Itaenga, Orobó, Pombos e Vicência, e na Bahia, Araci, Cansanção, Capim Grosso, Conceição do Coité, Retirolândia, Riachão do Jacuípe, Santa Luz, Santo Estevão e Valente.(p,8).
Embora seguindo essa proposta de trabalho, fazendo adaptações com os conteúdos dos livros didáticos e projetos à nossa realidade, elaborando nossos próprios projetos, sabemos que os resultados do desempenho dos (as) alunos (as), assim como os da Rede Municipal de Irecê na última década não tem sido dos melhores. Felizmente, nos últimos 03 anos, estamos aos poucos conseguindo elevar nossos índices, o que atribuímos principalmente ao trabalho pedagógico voltado para a contextualização com a realidade local.
Entretanto, com os índices do IDEB apontando uma “queda” considerável no desempenho da Rede M. de Irecê, após tantos cursos de formação para os profissionais de educação e mesmo com a lei propondo a adequação da escola à vida do campo, (LDB, 1996), previsto também pelas Diretrizes Operacionais para Educação Básica nas Escolas do campo, a Proposta Curricular da Rede ainda não trabalha dentro do contexto da cultura do Semi-Árido Nordestino, não contempla nossas especificidades locais e regionais a contento, além de estar sem uma necessária revisão, revitalização até então, o que esperamos ser possivel com a Pós Graduação em Currículo Escolar, iniciado este ano em parceria com a Universidade Federal da Bahia.
Enquanto isso não acontece, buscamos soluções para privilegiar nossa realidade em outras experiências e propostas que nos dê subsídios para trabalhar de forma ainda mais contextualizada e sinificativa para a compreensão do mundo que nos sircunda, a partir da realidade local.
Por acreditar que métodos inovadores de aprendizagem são mais eficazes para melhorar o desempenho escolar dos (as) alunos (as) de classes multisseriadas como as nossas, e que isso se fortalecerá bem mais se os professores dialogarem com a comunidade para poder estabelecer relação entre os conteúdos e o meio físico e social, é que resolvemos utilizar em nossa metodologia, além dos projetos e sequências didáticas, uma “Ficha Pedagógica” para o planejamento do trabalho em sala de aula, ou seja, as fichas do CAT (Conhecer, Analisar e Transformar), do Município de Feira de Santana-Ba, orientado pela UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana).
A ficha faz parte da proposta metodológica para as escola rurais de Feira de Santana, com o título Educação Rural-Sustentabilidade do Campo. A mesma é uma espécie de roteiro do/a professor/a para trabalhar em sala de aula.
A Ficha Pedagógica é fruto do planejamento pensado, discutido e registrado por um grupo de professores que buscam melhorar a qualidade de sua ação educativa, organizando o seu trabalho a partir da realidade vivencial de seus alunos. Uma abordagem bem parecida com nossa realidade, por isso, resolvemos adotá-la em 2009 a nivel experimental, devido ao fato de que ela orienta o trabalho diário do (a) professor (a) e é voltado especificamente para classes multisseriadas como é o nosso caso.
Nela reflete e expressa a dimensão política-pedagógica que se quer inserir no trabalho com os (as) alunos (as), na busca de torná-los mais criativos, críticos e participativos, cidadãos conscientes e atuantes.
Planeja-se, nela, o trabalho para uma etapa do ano letivo (um mês, dois meses ou três, a depender da abrangência do tema abordado e dos conteúdos das diversas disciplinas a serem explorados a partir dela).
O mais importante da ficha pedagógica é que ela torna possível a concretização dos elementos metodológicos básicos do projeto: o conhcer, o analisar, o transformar e o avaliar, sempre em consonância com a realidade local e partindo desta para o conhecimento global e universal. Assim constrói-se um conhecimento localizado, e a partir desse, ampliado com aquele já construído por outros autores (com a inserção dos conteúdos das diversas disciplinas, dos temas transversias e outros assuntos discutidos em sala de aula).
( Projeto Político Pedagógico da Escola M. Professora Anita Marques Dourado )
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